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quinta-feira, 2 de julho de 2009

Uma visita ao canil Municipal de Cantanhede

No dia 27 de Maio, entrei pela primeira vez num canil. Pensava que ia encontrar um cenário chocante, ouvir queixas de má sorte, descontentamento ou ressentimento e latidos infernais, desesperados e insuportáveis, por parte dos seus habitantes, mas para minha admiração não vi nada disso, encontrei latidos esperançosos e olhares bondosos, meigos e carinhosos dos cães que me saudaram à passagem.

Fui conduzida pelo veterinário responsável pelos habitantes do canil, dr. Idílio Cravo, que teve a amabilidade e a gentileza de me mostrar as instalações, digamos que não muito grandes mas com aspecto simpático e, de me dar alguns esclarecimentos.

Animais amigos e ternurentos, à espera que alguém os leve para adopção, que me seduziam com seus olhres amistosos, alguns dormitavam e interrogavam-se sobre a minha presença, outros estavam alegremente excitados e aos pulos, o que eles estavam bem longe de saber, era que o canil os iria adormecer, ou seja, eutanasiá-los.

Fiquei a conhecer algumas regras do canil e as regras da nova legislação. Quem maltrate ou abandone os animais será punido. É obrigatório o uso de um microchip que identifica os animais e os seus donos. A legislação impõe a existência de canis, mas é bem evidente, que não há um final feliz, do tipo "viveram juntos para sempre e foram felizes", porque este tipo de alojamento, faz parte de uma fase transitória da vida de quem lá mora.

O canil não é o local recomendado para deixar o seu cão, quando já não o quiser ou estiver farto dele, visto que não é sítio onde ele possa passar o resto da sua vida e ser feliz.

O espaço que visitei, é finito e limpo, mas não há voluntários dispostos a ajudar se necessário e, não há donativos para ajudar a alimentar estes residentes temporários que ali habitam e são tratados com dedicação, mimados e alimentados como merecem, até ao último dia da sua vida.

É estranho ouvir críticas sobre canis, a quem nunca lá entrou, nem se encontra na disposição de o fazer, mas estou certa de que se o fizessem, os seus olhos iam ficar rasos de lágrimas.

Quem vive diariamente em contacto com esta triste e dura realidade, com estes animais que um dia alguém abandonou e rejeitou, jamais esquecerá aqueles olhares saudosos dos seus "donos" e, quando chega o momento de os deixar partir, não há nada que traduza o sentimento que se vive em directo. E este é um facto do qual poucos falam, muitos critícam e poucos conhecem.

As portas do canil encontram-se abertas a quem o quiser visitar, levar um biscoito ou mimar um destes cães que está triste, e que tem uns olhos repletos de vivências e de histórias para contar, ajudando-o a tornar os seus dias mais suportáveis e, quem sabe se alguém de bom coração, com possibilidades e condições irá adoptar o cão de "ninguém", dar-lhe um doce lar e fazê-lo feliz? Ele saberá agradecer esse gesto, disso tenho a certeza.

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