terça-feira, 19 de abril de 2011

Cultura indígena




 O contacto com o branco, desde o início da colonização, sempre foi prejudicial ao índio e à cultura indígena em geral, pois funciona como elemento destabilizador, provocando perda das terras e dos valores culturais. Com o tempo, perdeu-se a imensa diversidade cultural que as tribos representavam sem que chegassem a ser estudadas. Por outro lado, adaptados ao seu meio ambiente, não possuindo defesas contra as doenças da civilização, muitos sucumbiram pelas gripes, sarampo, sífilis e outras doenças. Assim, dos milhões que habitavam o Brasil na época do descobrimento do Brasil, somam hoje 350 mil.
Foram 500 anos de escravidão, catequização, miscigenação e dizimação. Qualquer coisa que se diga sobre os índios do Brasil será pouco. A dívida do branco civilizado para com o indígena é alta e pesada demais.
Mas há um factor positivo do qual o povo brasileiro se deve orgulhar. Um estudo recente mostrou que 70% dos brasileiros que se dizem brancos têm índios ou negros entre seus antepassados. Ou seja, a maioria desta gente tem sangue mestiço, tratando-se de um povo que trás no sangue a herança das minorias ou indígena ou negra.

 Crenças

As crenças religiosas e superstições tinham um importante papel dentro da cultura indígena. Fetichistas, os indígenas temiam ao mesmo tempo um bom Deus – Tupã – e um espírito maligno, tenebroso, vingativo – Anhangá, ao sul e Jurupari, ao norte. Algumas tribos pareciam evoluir para a astrolatria, ( culto prestado aos astros) embora não possuíssem templos, e adoravam o Sol (Guaraci – mãe dos viventes) e a Lua (Jaci – nossa mãe).






O culto dos mortos era rudimentar. Algumas tribos incineravam seus mortos, outras devoravam - nos e, a maioria, como não havia cemitérios, encerrava seus cadáveres na posição de fetos, em grandes potes de barro, encontrados suspensos nos tetos de cabanas abandonadas. Os mortos eram pranteados obedecendo-se a uma hierarquia. O comum dos mortais era chorado apenas por sua família; o guerreiro, conforme sua fama, poderia ser chorado pela tribo. No caso de um guerreiro notável, seria pranteado por todo o grupo.   


Costumes, Produção e Habilidade


Os índios foram dizimados. Vítimas de doenças transmitidas pela civilização, ou simplesmente incorporados à nossa cultura. No entanto, a própria preservação das matas e florestas dependem dele, pois ninguém melhor do que o índio sabe viver em harmonia com a natureza tirando dela o melhor proveito sem com ela sucumbir. As sociedades indígenas são diferenciadas entre si; línguas distintas, traços de carácter, mitos. Essas diferenças não podem ser explicadas apenas em decorrência de factores ecológicos ou razões económicas.
Como sabemos os indígenas tem costumes bem diferentes dos costumes urbanos, um deles é morar em ocas, que medem mais ou menos 20 metros de comprimento por 10 metros de largura e 6 metros de altura. Fazem uma espécie de parede dupla com um espaço entre ambas o que permite uma ventilação adequada, tornando o ambiente, no seu interior bastante agradável, seja no frio ou no calor. Uma aldeia é composta de várias ocas, onde habitam várias famílias. Cada oca possui um chefe daquele grupo, que quando reunidos formam uma espécie de "colegiado".
Obs: Esta descrição descreve um tipo de aldeia, mas de acordo com o grupo indígena e região onde habitem existem outras variedades de ocas. Os índios sabem muito bem onde e como construir suas aldeias, e para cada necessidade adaptam sua construção com muita habilidade e funcionalidade.






Um outro costume que os índios têm de diferente de nós, é o modo de viver deles: caça, pesca e colecta de vegetais silvestres, obedecendo aos ciclos de actividades de subsistência da Floresta Tropical, chuvas, enchentes, estiagem e seca. Reúnem-se em grupos que podem ser: de casais, consanguíneos (parentesco), intercasamento e relações de servidão. Na maioria dos grupos o casamento pode ser dissolvido. Preservam a infância da mulher que só se pode tornar esposa após a primeira menstruação (acompanhada de ritual especial, de acordo com a tribo). Não existem padrões morais de virgindade ou adultério, tudo se resolve com conversas entre parentes próximos e com acordos entre as famílias. Existem tribos matriarcais, patriarcais, monogamia (um só esposo ou esposa - com uniões que podem ser dissolvidas) e poligamia (um esposo com várias esposas, ou uma esposa com vários maridos).


Eles também costumam construir seus próprios acessórios, como suas armas, fabricam arcos perfeitos, instrumentos cortantes feitos com bicos de aves, enfeites plumários, e usam diversos tipos de colares, braceletes, cintos, brincos, pilão que é muito utilizado na maioria das tribos. Também a maneira de socar varia, algumas índias socam de pé, outras de joelho.
Hábeis artesãos, os índios produzem diversos tipos de artefactos para atender suas necessidades quotidianas e rituais, que assumem, hoje, o importante papel de gerador de recursos financeiros, beneficiando as Comunidades com uma renda complementar. Assim surgem fantásticos trançados que tomam a forma de cestos, bolsas e esteiras, moldam a cerâmica que dá origem a panelas e esculturas, entalham a madeira da qual nascem armas, instrumentos musicais, máscaras e esculturas, além das plumárias e adornos de materiais diversos como cocos, sementes, unhas, ossos, conchas que, com habilidade e tecnologia, são transformados em verdadeiras obras de arte.
A produção de variados objectos da cultura indígena, como material, ferramentas, instrumentos, utensílios e ornamentos, com os quais um grupo humano busca facilitar sua sobrevivência, está ligada à escolha e utilização das matérias-primas disponíveis; ao desenvolvimento da técnica adequada de manufactura; às actividades envolvidas na exploração do ambiente e na adaptação ecológica; à utilidade e finalidade prática dos objectos e instrumentos produzidos.



Pintura


Os índios pintam seu corpo, sua cerâmica e seus tecidos com um estilo que podemos chamar "abstracto". Observam a natureza mas não a desenham, mas ao contrário do que se pensa, não devemos chamá-la de primitiva. Partem do elemento natural para torná-lo geométrico.  
Usam diversos tipos de colares, braceletes, cintos, brincos. Geralmente não matam as aves para comer, usam apenas suas penas coloridas, que guardam enroladas em esteiras para conservar melhor, ou em caixas bem fechadas com cera e algodão. A Arte Plumária é exuberante e praticamente restrita aos homens. Nas tribos, onde as mulheres usam penas, são discretas, colocadas nos tornozelos e pulsos, geralmente em cerimonias especiais. 




Tecidos

Alguns índios, como os Vaurá, plantam algodão e fazem vários enfeites, como os usados em seus pentes. Usam uma tinta preta extraída do suco de jenipapo.
As vestimentas usadas pelos índios estão relacionadas às necessidades climáticas, à observação da natureza e aos seus ritos e festas. Esta é a razão de usarem quase nada para se cobrirem, uma vez que vivem num país tropical. A sua vestimenta não está associada aos aspectos morais. Algumas tribos como a dos índios tucuna (praticamente extintos) na região do Acre, recebiam correntes frias dos Andes e usavam o "cushmã" uma espécie de bata (as índias eram óptimas tecelãs). 
Em algumas tribos como a dos VAI-VAI (transamazônica) as mulheres tecem e usam uma tanga de missangas.

Canoas

O indígena usa o leito dos rios ou o mar para transportar com rapidez, navegando em canoas ou em jangadas. As canoas maiores são construídas de troncos de árvores rijas e chamam-se igaras, igaratés ou igaraçus. As canoas ligeiras –ubás – eram feitas de grossas cascas vegetais e, movidas a remo de palheta redonda ou oval ou ainda a vela. As jangadas, pequenas e velozes, constituíam-se de vários paus amarrados uns aos outros por fibras vegetais. 





Madeira talhada


Fazem remos, bancos de madeira, máscaras de madeira pintada com dentes de piranha.




Cestaria

As sociedades indígenas no Brasil são detentoras das mais variadas técnicas de confecção de trançados, utilizando-se delas para a confecção de cestos, que estão entre os objectos mais usados, pois estão associados a vários fins.
A cestaria produzida e utilizada por uma determinada sociedade indígena está associada à sua cultura, principal característica humana. 




A cestaria diz respeito ao conhecimento tecnológico, à adaptação ecológica e à cosmologia, forma de concepção do mundo daquelas sociedades. O conjunto de objectos incorporados à vivência de uma determinada sociedade indígena expressa concretamente significados e concepções daquela sociedade, bem como a representa e a identifica. Enquanto arte, em cada peça produzida existe também uma preocupação estética, identificando o artesão que a produziu e aquela sociedade da qual ela é cultura material.
Para uso e conforto doméstico, podem-se citar os cestos-coadores, que se destinam a filtrar líquidos; os cestos-tamises, que se destinam a peneirar a farinha e os cestos-recipientes, que se destinam a receber um conteúdo sólido ou armazená-lo, sendo também utilizados para a caça e a pesca, para o processamento da mandioca, para o transporte e para a guarda de objectos rituais, mágicos e lúdicos. 
Os cestos cargueiros, como diz o nome, destinados ao transporte de cargas, apresentam uma alça para pendurar na testa e têm o formato paneiriforme, com base rectangular e borda redonda, sendo conhecido pelo nome de aturá. Também são muito utilizados os cestos- cargueiros de três lados, jamaxim, que dispõem de duas alças para carregar às costas, tipo mochila. Em geral, esse cesto suporta até dez quilos de mandioca.
Cerâmica
No contacto manual com a terra, o homem descobriu o barro como forma de expressão. A confecção de cerâmica é muito antiga e surgiu ainda no período Neolítico, espalhando-se, aos poucos, pelas diversas regiões da Terra.
Tradicionalmente, a produção da cerâmica, entre os povos indígenas que vivem no Brasil, é totalmente manual.


A argila é a matéria-prima básica empregada na confecção da cerâmica. A técnica mais usual para produzir os vasilhames é a da união sucessiva de roletes (feitos manualmente), utilizando-se instrumentos rústicos, bem variados, para auxiliar na confecção das peças, como cacos quebrados de potes antigos para ajudar a alisar os roletes, pincéis feitos com penas de aves ou com raízes para pintar a superfície, etc. O tratamento dado à superfície das peças varia muito de povo para povo e de acordo com o uso que será dado a cada objecto. A superfície pode apresentar-se tosca, alisada, polida, decorada (com pinturas ou de outras maneiras) e até mesmo revestida por uma outra camada de argila especialmente preparada para este fim, a que se dá o nome de engobo. Finalmente, a louça de barro, como é comummente conhecida, pode ser queimada ao ar livre (exposta ao oxigénio), ficando com uma coloração alaranjada ou avermelhada, ou pode ser queimada em fornos de barro, fechados, que não permitem o contacto com o oxigénio, o que deixa uma coloração acinzentada ou negra.

Desta forma são produzidos objectos utilitários (como potes, panelas, alguidares, etc.), objectos votivos ou rituais, instrumentos musicais, cachimbos, objectos de adorno e outros. 
Entre as sociedades indígenas brasileiras, a cerâmica é, geralmente, confeccionada pelas mulheres. Todas aprendem a fazê-la mas, como em qualquer outra actividade, há aquelas com mais habilidade e/ou criatividade. Actualmente, algumas já se utilizam de tintas e instrumentos industrializados para produzir sua cerâmica. Nem todos os povos indígenas produzem cerâmica e alguns, que tradicionalmente produziam, deixaram de fazê-lo, após o contacto com não índios e com o passar do tempo. Entre alguns povos ceramistas, os objectos produzidos são simples. Entre outros, são muito elaborados e valorizados pelos membros da sociedade.


Música


São amantes da música, que praticam em festas de plantação e de colheita, nos ritos da puberdade e nas cerimonias de guerra e religiosas. Os instrumentos musicais são: toró (flauta de taquara), boré (flauta de osso), o mimbi (buzina) e o uaí (tambor de pele e de madeira).



Podemos comparar o homem indígena com o homem pré-histórico, pelo fato de eles terem sua própria maneira de viver, de construir seu próprio mundo, assim como o homem pré-histórico o índio constrói seus próprios adereços.
Eles também não tem obrigação de se casar, podem ter varias mulheres ao mesmo tempo (em algumas aldeias), criam suas próprias tintas para fazer suas pinturas tanto no corpo como em suas roupas, fazem suas próprias roupas, panelas, armas , etc.


Curiosidade sobre o índio: Hábitos “Estranhos”:


Os homens usavam o cabelo curto na testa e longo na nuca, nas orelhas e nas fontes. As mulheres deixavam – no crescer até a cintura e prendiam-no quando trabalhavam. Homens e mulheres tatuavam o corpo, que pintavam (com jenipapo e urucum) e untavam (com óleos). Furar o lábio inferior para colocar objectos de pedra, osso ou madeira era um símbolo de masculinidade. Os homens usavam colares de búzios, de ossos de animais e dentes de inimigos e enfeitavam-se com penas de aves. As mulheres usavam enfeites no pescoço, nos braços e nas orelhas. Homens e mulheres raspavam os pêlos do corpo – barba, sobrancelha, pêlos pubianos, etc.
A tranquilidade relativa com que os brasis aceitavam a homossexualidade masculina e feminina escandalizou os lusitanos. Para os europeus, era também motivo de espanto que os tupinambás assumissem tendencialmente papéis sociais segundo suas inclinações sexuais profundas. Algumas mulheres tupinambás comportavam-se como aldeões e eram tratadas como tal. Viviam com suas esposas nas residências colectivas, participavam das discussões masculinas, iam à guerra, etc.. 


Yanomami


Como exemplo de cultura indígena, convém ressaltar a dos Yanomami, considerados um dos grupos indígenas mais primitivos da América do Sul.
Os Yanomami têm como território tradicional extensa área da floresta tropical no Brasil e na Venezuela. Possuem uma população em torno de 25.000 índios. No Brasil existem cerca de 10.000 Yanomami situados nos Estados do Amazonas e de Roraima. Falam a língua Yanomami e mantêm ainda vivos os seus usos, costumes e tradições.
Vivem em grandes casas comunais. A maloca  ou oca consiste numa moradia redonda, com topo cónico, com uma praça aberta ao centro. Várias famílias vivem sob o teto circular comum, sem paredes dividindo os espaços ocupados. O número de moradores varia entre trinta e cem pessoas.



Desde a década de 70, com a construção de estradas que cortaram o seu território, a operação de mineiros e, hoje, a presença de milhares de garimpeiros têm resultado na destruição da floresta e surgido muitas doenças para os Yanomami, cuja população está sob séria ameaça de desaparecimento.

CONCLUSÃO

Assim podemos concluir que, apesar de muita gente pensar que o índio é uma espécie de homem bicho, ele não é.
Assim como qualquer cidadão merece total respeito de todos nós, também o índio o merece.


"Não faças aos outros aquilo que não gostas que te façam a ti"







1 comentário:

Chama a Razão disse...

Trabalho lindo, posso comprar essa mascara de madeira por aqui. Por favor, responder para o email dilsons@gmail.com

Grato