Aldeia do Bispo
Um dia de férias passado na Aldeia do Bispo, para assistir a
um magnífico espetáculo “ Capeia arraiana”.
Aldeia do Bispo
Trata-se de uma
aldeia arraiana e agrícola, cujos naturais são conhecidos por “ labregos” e “
lagarteiros”, situada a poucos Km do Sabugal. Possui cerca de 200 habitantes e
é notória uma forte vontade dos mais jovens em recuperar as casas, mantendo, a
traça antiga das mesmas.
E, foi numa destas humildes
e magníficas casas recuperadas, que a bela Daniela e sua linda família nos receberam,
com um almoço bem caprichado, para o qual eu deixo os meus parabéns.
Tarefa difícil é a
minha, para conseguir expressar o conjunto de sensações e sentimentos que vivi
neste dia. A dona da casa e toda a família foram de uma atenção e simpatia sem
limites e por isso resta-me apenas deixar um grande xi coração e MUITO OBRIGADA
por tudo.
Aqui tivemos o prazer
de assistir a uma capeia
arraiana,
ou seja, uma corrida de touros, cuja origem surgiu em terras de Ribacôa, nas
aldeias da raia (espanhola). È considerada património etnográfico, com
caraterísticas únicas no mundo. Trata-se de tradição com raízes ancestrais,
cuja festa começa logo pela manhã, com um verdadeiro êxodo de motos, 4x4,
tratores, bicicletas, cavalos…para quê? Para ir buscar os touros alugados para
tal evento, que atravessam a estrada nacional 332, fechada ao trânsito, para o
efeito e, se dirigem para a porta da praça, onde entram os touros e cavaleiros.
Podemos também observar os rostos dos
espetadores empoleirados nas cancelas, com seu ar de impacientes para ver
passar o tropel na expetativa de que nenhum touro se escape.
Eis que surge o tão esperado momento – ENCERRO- a entrada
dos touros e cavaleiros na praça ou largo do corro,
acompanhada de gritos por parte dos espetadores. Os touros entram ao monte e as
portas pesadas se fecham, ao acompanhamento de um forte coro de palmas e gritos
de encorajamento fazem-se ouvir.
Os touros sacodem a cabeça em atitude de desafio e
provocação. As portas dos curros abrem-se e os
touros são forçados a entrar no curral, o que pode demorar horas. Novamente se
faz ouvir o estridente bater de palmas.
Terminado o encerro os ânimos
acalmam por alguns instantes, pois dentro de momentos terá lugar a Prova, onde
será avaliada a valentia dos touros, através da lide de um exemplar.
A porta do curro é aberta
para o touro entrar na arena, que corre com toda a fúria e em todos os
sentidos. É aqui que lhe é apresentado o FORCÃO,
onde o animal revela a sua casta em poucos minutos e a multidão aplaude.
Segue-se o almoço por volta das 13 horas. A capeia arraiana é uma verdadeira festa,
pois os vendedores ambulantes instalam-se junto à praça, provocando uma mistura
de odores de fumo e carne grelhada com os que provêm das casas de aldeia.
Após o almoço a festa continuou com o PEDIDO DA PRAÇA com a entrada de um tamborileiro na arena, montando
cavalos ornamentados. Surgem em fila indiana os mordomos com os seus acessórios
típicos: uma espécie de lenços bordados sobre os ombros.
Cerca de 30 homens entra na praça e pega no forcão- instrumento de lide dos touros, com mais ou
menos 300 Kg e de forma triangular. É feito com troncos de carvalho e pinho.
O que este tipo de animação tem de positivo para mim, é que
o touro não é picado nem abatido e no final não há vestígios de ferimento nem
de sangue.
5 ou 6 touros correm de igual modo. Eis que surge o momento culminante
da corrida- desencerro – os touros voltam aos
campos escoltados pelos cavaleiros que participaram no encerro.