O amigo dos professores, o homem que obrigou o país a pedir assistência financeira à troika para evitar a declaração do estado de bancarrota, disse ontem na RTP que a greve aos exames se justifica. Está, portanto, com os professores que querem impedir os alunos de fazer exames.
Se a greve aos exames for bem sucedida - espero bem que seja um fracasso para bem dos alunos e dos próprios professores e escolas - , há alunos que ficam impedidos de concorrer a vagas em cursos universitários estrangeiros. Já nem falo no transtorno que a recalendarização dos exames provoca a alunos e famílias, obrigando a alterar férias e prejudicando seriamente a programação dos estudantes no estudo das matérias. Nem sequer falo da intranquilidade que elas geram. Para muitos alunos a noite que passou não deve ter sido fácil. Afinal, vão fazer um exame, para que se prepararam durante um ano, sem saber se o podem realizar.
Imaginemos por um momento que a greve aos exames seria bem sucedida. Quem garante que, nos anos seguintes, o cenário não se repetia? Como garantir que os exames se realizam, este ano e nos seguintes, de forma tranquila e no tempo certo? Quem passaria a ter o poder de calendarizar os exames: o MEC ou os sindicatos?
Os sindicatos de professores e os docentes que os seguem atravessaram uma linha que não pode ser cruzada: o direito dos alunos a realizarem os exames para que se prepararam. Fazê-lo é um falha deontológica grave e conduz à perda do respeito de jovens e pais pelos professores. Com que autoridade fica um professor que fez greve aos exames para exortar um aluno a não faltar às aulas, a ser pontual e a estudar? Como é que os professores podem, de ora em diante, exortar os alunos a estudarem para os exames se eles impediram os alunos de os realizar?
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