domingo, 18 de novembro de 2012

Quem se mete com os Juízes está arrumado...



Goste-se ou não do Dr. Marinho Pinto, parece-me que neste caso tem toda a

razão:


…/… Mas, mais escandaloso do que esse sigiloso acordo político-judicial é a

manutenção para todos os magistrados de um estatuto de jubilação que faz com

que, mesmo depois de aposentados, mantenham até morrer direitos e regalias

próprios de quem está a trabalhar. E ainda mais vergonhoso do que tudo isso

é a continuidade de privilégios remuneratórios absolutamente inconcebíveis

num regime democrático, sobretudo em períodos de crise e de austeridade como

o atual.


O primeiro-ministro, se ainda possui alguma réstia de dignidade e de

moralidade, tem de explicar por que é que os magistrados continuam a não

pagar impostos sobre uma parte significativa das suas retribuições; tem de

explicar por que é que recebem mais de sete mil euros por ano como subsídio

de habitação; tem de explicar por que é que essa remuneração está isenta de

tributação, sobretudo quando o Governo aumenta asfixiantemente os impostos

sobre o trabalho e se propõe cortar mais de mil milhões de euros nos apoios

sociais, nomeadamente no subsídio de desemprego, no rendimento social de

inserção, nos cheques-dentista para crianças e - pasme-se - no complemento

solidário para idosos, ou seja, para aquelas pessoas que já não podem

deslocar-se, alimentar-se nem fazer a sua higiene pessoal.


O primeiro-ministro terá também de explicar ao país por que é que os juízes

e os procuradores do STJ, do STA, do Tribunal Constitucional e do Tribunal

de Contas, além de todas aquelas regalias, ainda têm o privilégio de receber

ajudas de custo (de montante igual ao recebido pelos membros do Governo) por

cada dia em que vão aos respetivos tribunais, ou seja, ao seus locais de

trabalho.


Se o não fizer, ficaremos todos, legitimamente, a suspeitar que o

primeiro-ministro só mantém esses privilégios com o fito de, com eles,

tentar comprar indulgências judiciais.


A. Marinho e Pinto

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