TOLERÊNCIA
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Muitas vezes, no nosso dia-a-dia,
costumamos reclamar de tudo.
Devemos pensar duas vezes antes de nos irritarmos. A irritação, a intolerância, fazem com que provoquemos males ainda maiores na sociedade que vivemos e com quem nos é próximo. São os pequenos desentendimentos que geram os grandes conflitos da humanidade. Por isso, não negue consideração e carinho diante de balconistas fatigados ou irritadiços. Pense nas provações que, sem dúvida, os atormentam nas retaguardas da família ou do lar. Lembre-se que todas as criaturas trazem consigo as imperfeições e fraquezas que lhes são peculiares. Quantas vezes, nós mesmos, atormentados por algum problema a resolver, somos indelicados para quem nos vem pedir um favor. O que aconteceria se essa pessoa também nos tratasse mal? Ficaríamos ainda mais irritados.
Na maior parte dos casos, o que nos falta é um pouco
de tolerância.
Ter tolerância é ter paciência e tentar perceber os outros. A tolerância deve ser aplicada indistintamente entre todos e em qualquer lugar e, deve ser exercitada em regime de continuidade.
SER TOLERANTE
Fala-se muito de tolerância, mas a história recente demonstra que ainda
existem, ou inclusive se agonizam, muitas formas de violência e de
intolerância que todos abominamos.
A
tolerância, entendida como respeito e consideração face à diferença, ou como
uma disposição para admitir nos outros uma maneira de ser e de agir distinta
da nossa, de aceitação de um pluralismo legítimo, é em todos os aspetos um
valor de enorme importância. Estimular a tolerância, neste sentido, pode
contribuir para resolver muitos conflitos e erradicar muitas violências. E
como estes conflitos e violências são notícia frequente nos mais diversos
âmbitos da vida social, isso leva-nos a pensar que a tolerância é um valor a
promover, necessária e urgentemente.
No entanto, a tolerância não é uma atitude de simples neutralidade ou
indiferença, mas uma posição resultante de algo, que ganha significado quando
se opõe ao seu limite, que é o intolerável. Com efeito, muitas formas de
intolerância têm a sua origem num excesso de tolerância prévio, que provocou
conflitos violentos.
Agora deixo-vos com a leitura de um conto de Álvaro
Jurado Nieto, Colômbia, que tem por objetivo melhorar
a tolerância e a autoestima
O Orelhudo
Era seu segundo dia de aula. Henry sentou-se na
primeira carteira da sala, ao lado da janela, como lhe recomendou sua mãe. A
professora entrou na sala e disse: “Bom dia. Hoje vamos estudar alguns
animais. Começaremos pelo asno, esse animal tão útil à humanidade, forte
e de
orelhas grandes”......”
É como Henry”! interrompeu uma voz que saía do fundo
da sala.
Muitas crianças começaram a rir muito e olhavam para
Henry.
"Quem disse isso?" Perguntou a professora, ainda que sabia bem quem havia dito isso.
“Foi Quique”, disse uma menina apontando para o lado
em direção a um menino sardento de cinco anos.
“Crianças, crianças”, disse a professora com voz
enérgica e com cara de irritação. Não devem zombar dos demais. Isso não é bom
e não vou permitir isso em minha sala. Todos ficaram em silêncio, mas ainda
se ouvia algumas risadinhas.
Um tempo depois, uma bola de papel pegou na cabeça
de Tomaz. Ao olhar para trás, não viu quem havia jogado, e novamente muitos
riram-se dele. Decidiu não fazer caso às zombarias e continuou olhando as
fotos de animais que a professora mostrava. Estava muito triste, mas não
chorou.
No recreio Henry abriu sua lancheira e começou a
comer o delicioso lanche que sua mãe lhe havia preparado. Duas crianças que
estavam por perto gritaram: “orelhudo, olha o orelhudo, não comas tanto que
vais ficar com um rabo comprido como um asno”, e começaram a rir. Outras
crianças ao seu redor olharam para ele e tocando suas próprias orelhas,
riam-se e murmuravam. Henry, entendeu pela primeira vez, que de verdade havia
nascido com suas orelhas um pouco mais grandes. “Como seu avô Manel”, havia
ouvido dizer seu pai certa vez.
Logo se escutaram gritos na sala de música, de onde
saía muita fumaça. Henry aproximou-se e viu muitas crianças fechadas sem
poder sair, pois alguma criança travessa havia colocado um cabo de vassoura
nos trincos. Através dos vidros, podia-se ver os rostos dos pequenos
chorando, gritando e muito assustados. Em pouco tempo as chamas cresciam e
começava a queimar alguns objetos e móveis. Os professores não haviam dado
conta do perigo, e nenhum dos alunos se atrevia a fazer nada.Henry, sem
duvidar um segundo, deixou sua lancheira e correu até a porta da sala e
apesar do calor que saía, agarrou o cabo de vassoura que travava a porta e tirou
– o com força. As crianças saíram depressa e todos se salvaram.
Henry tornou-se um herói. Todos elogiaram sua coragem. As crianças que haviam zombado dele estavam envergonhadas.Em casa, Henry contou tudo o que sucedeu à sua família, e todos ficaram orgulhosos dele. No dia seguinte, nenhuma criança zombou de Henry. Haviam entendido que os defeitos físicos eram apenas aparentes, mas por outro lado, o valor de Henry ao salvar seus companheiros era mais valioso e digno de se admirar. |
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