Gentileza é gratuita!
Surgiu um assunto que me fez pensar: já repararam que nos tempos que correm, metemos a gentileza na
gaveta e desculpamo-nos pelos maus modos, como se a culpa fosse um conjunto de
perturbações orgânicas e psíquicas? Pode ser uma resposta cruzada por conta do
trânsito caótico. Pode ser a prazo curto. Falta de dinheiro, de tempo, de saúde
ou mesmo de graça na vida. Os motivos são muitos e seguem o seu percurso
imparável. Mas será que – em nome das nossas “faltas” – temos o direito de
sermos menos humanos? Onde foi parar a delicadeza, a gentileza, a educação
e o respeito? Onde foi parar o que nós somos?
Peço desculpa mas, não consigo arranjar resposta. Estamos tão
individualistas que mal percebemos o outro. Eu, pessoalmente, acho uma falta de
inteligência privilegiar apenas o saber e não valorizar quem tem uma visão
generosa do mundo. Penso que a combinação dos dois – conhecimento e
sensibilidade – seria o ideal para termos uma vida melhor. E crescermos tanto
pessoal, quanto profissionalmente.
Infelizmente, não é isso que se vê por aí. O respeito parece ter entrado em
“démodé”. Gentileza, passou a ser gíria das nossas avós. Nada de “bom dia”,
“boa tarde”, nem um olhar que te perceba como indivíduo.
Importante esclarecer que conheço pessoas que – no meio do salve-se quem
puder, continuam a ser PESSOAS. Enxergam, em seus olhos, o outro. Oferecem
sem o menor constrangimento um abraço sincero ou um sorriso. Uma ajuda
inesperada! Um elogio. Um silêncio na hora certa.
Isso, para mim, não é frescura. É apenas a boa e velha educação pedindo licença
para entrar... Implorando para não ser esquecida, dentro da gaveta, na hora do
rush (assalto).
Claro que não é preciso dizer “obrigada” a cada minuto. Mas antes uma
palavra simpática do que deixar nosso lado brucutu ( animal irracional) e (acredite que todos nós tem um), falar mais alto e acabar
com a cordialidade que ainda nos resta.
E para quem ler este texto, se o achar ultrapassado, peço desculpa mas, é o
que eu penso.
Sei que pode parecer ingenuidade minha, mas eu continuo com fé no ser
humano e em mim própria, claro. Acho que a pessoa que desenvolve sua
sensibilidade para perceber o outro seja no trabalho, em casa ou na rua, só tem
a ganhar uma promoção, um trabalho melhor, um amigo de verdade, um dia mais
feliz ou apenas um simples sorriso que a meu entender já vale por tudo.
Por isso, escrevi este
texto para tirar meu nó da garganta, (porque eu própria por vezes esqueço essa gentileza) e alertar aos que ainda sabem ouvir: o mundo precisa de mais gentileza. E menos,
muito menos, cara de pau.
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