DESISTO OU
INSISTO?
São 44 anos
dedicados ao magistério!
Meu
sacerdócio e paixão!
Diante do
retrovisor da minha
Trajetória
pedagógica,
No Reino da
Educação,
Paro,
indignado,
E pergunto?
Espelho, espelho meu,
Existe alguém com semblante mais triste
Do que o meu?
E em crise, como eu?
Não se trata
de uma nova versão
Dos contos
famosos da nossa infância,
A história
da velha madrasta
Da Branca de
Neve,
Em busca do
monopólio da beleza,
E realeza.
Mas, sim,
uma reflexão sobre o meu desempenho
Como um simples
súdito no reino da Educação.
Espelho, espelho meu,
O que está a acontecer com a Educação em Portugal?
(“Detentor” do 27º lugar num ranking global de
educação que comparou 40 países.)
Mas, não são
quase 100% de crianças na escola?
Espelho meu,
não estou preocupado com a quantidade.
Mas com a
QUALIDADE do ensino, os seus resultados positivos...
Pergunto
sobre o valor dos cursos de Formação;
Da valorização
do professor;
Sobre o
funil que dificulta a matrícula
De jovens à
Universidade!
Espelho, espelho
meu,
Não me
interessa saber que reduzimos o analfabetismo
Ao índice de
-x%.
(Que, aliás,
aumentou nos últimos anos).
Estou
preocupado, sim, com o analfabetismo funcional,
Com a evasão
escolar,
Com o deficit
de profissionais qualificados expulsos
Pelo Estado, através do seu Ministério da Educação.
Com o
problema de inserção dos formados
No mercado
de trabalho...
Com a gestão
dos recursos aplicados à Educação...
Não me
tranquilizam as Reformas (algumas eleitoralistas):
Escola
inclusiva, mais tempo dos docentes na Escola,
Metas de
Aprendizagem desajustadas, Agrupamentos escolares,
Aumento ou
redução de horários Disciplinares…
Mais alunos
por turma, mais redução de incentivos,
De
vencimentos, mais impostos aos Docentes…
Mais e mais,
mas eu preocupo-me com
Mais
Profissionais,
Mais e com
mais qualidade de vida!
Sabes,
espelho meu,
Estou
preocupado com o futuro de Portugal!
Esta é minha
crise: Que fiz ou deixei de fazer
No meu sacerdócio, na minha missão docente?
Em quê fui incompetente,
Em quê fui ingénuo,
Ou não persistente,
Ousado como os canalhas,
Diante da madrasta da Educação,
Deixando-me perder na floresta, expondo-lhe o meu
coração,
Para que morressem os meus sonhos de juventude,
A minha vocação?
Fui eu ambicioso? Inocente?
Mordi, também, a maçã envenenada
Que me fez inerte, por tanto tempo?
Fui eu um gigante em potencial,
Adormecido na cama de anões?
Fiquei eu à espera do encanto do beijo,
Do conto de fadas,
Que me fizesse despertar e fazer morada no Reino da
Educação?
Espelho, espelho meu:
Que posso
mais fazer para que o meu país
Cumpra a sua
Função Maior:
A Educação,
direito de todos e dever do Estado...?
Espelho,
espelho meu,
Ainda tenho
tempo de sonhar?
Ainda
encontro parceiros
Que não se
cansam de lutar?
Espelho, espelho meu,
Nesta crise existencial, educacional,
Ajuda-me a refletir,
A encontrar a resposta:
DESISTO OU INSISTO?
Sem comentários:
Enviar um comentário