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terça-feira, 4 de março de 2014

DESISTO OU INSISTO?

São 44 anos dedicados ao magistério!
Meu sacerdócio e paixão!
Diante do retrovisor da minha 
Trajetória pedagógica,
No Reino da Educação, 
Paro, indignado,
E pergunto?

Espelho, espelho meu,
Existe alguém com semblante mais triste
Do que o meu?
E em crise, como eu?

Não se trata de uma nova versão
Dos contos famosos da nossa infância,
A história da velha madrasta
Da Branca de Neve,
Em busca do monopólio da beleza,
E realeza.
Mas, sim, uma reflexão sobre o meu desempenho
Como um simples súdito no reino da Educação.

Espelho, espelho meu,
O que está a acontecer com a Educação em Portugal?
(“Detentor” do 27º lugar num ranking global de educação que comparou 40 países.)

Mas, não são quase 100% de crianças na escola?
Espelho meu, não estou preocupado com a quantidade. 
Mas com a QUALIDADE do ensino, os seus resultados positivos...
Pergunto sobre o valor dos cursos de Formação;
Da valorização do professor; 
Sobre o funil que dificulta a matrícula
De jovens à Universidade!
Espelho, espelho meu, 
Não me interessa saber que reduzimos o analfabetismo
Ao índice de -x%.
(Que, aliás, aumentou nos últimos anos).
Estou preocupado, sim, com o analfabetismo funcional,
Com a evasão escolar,
Com o deficit de profissionais qualificados expulsos
Pelo Estado, através do seu Ministério da Educação
Com o problema de inserção dos formados
No mercado de trabalho...
Com a gestão dos recursos aplicados à Educação...
Não me tranquilizam as Reformas (algumas eleitoralistas):
Escola inclusiva, mais tempo dos docentes na Escola, 
Metas de Aprendizagem desajustadas, Agrupamentos escolares,
Aumento ou redução de horários Disciplinares…
Mais alunos por turma, mais redução de incentivos,
De vencimentos, mais impostos aos Docentes…

Mais e mais, mas eu preocupo-me com
Mais Profissionais,
Mais e com mais qualidade de vida!

Sabes, espelho meu,
Estou preocupado com o futuro de Portugal! 
Esta é minha crise: Que fiz ou deixei de fazer
No meu sacerdócio, na minha missão docente?
Em quê fui incompetente,
Em quê fui ingénuo,
Ou não persistente,
Ousado como os canalhas,
Diante da madrasta da Educação,
Deixando-me perder na floresta, expondo-lhe o meu coração,
Para que morressem os meus sonhos de juventude,
A minha vocação?
Fui eu ambicioso? Inocente?
Mordi, também, a maçã envenenada
Que me fez inerte, por tanto tempo?
Fui eu um gigante em potencial,
Adormecido na cama de anões?
Fiquei eu à espera do encanto do beijo,
Do conto de fadas,
Que me fizesse despertar e fazer morada no Reino da Educação? 

Espelho, espelho meu: 
Que posso mais fazer para que o meu país
Cumpra a sua Função Maior:
A Educação, direito de todos e dever do Estado...?
Espelho, espelho meu,
Ainda tenho tempo de sonhar?
Ainda encontro parceiros
Que não se cansam de lutar?
 
Espelho, espelho meu,
Nesta crise existencial, educacional,
Ajuda-me a refletir, 
A encontrar a resposta:
DESISTO OU INSISTO? 


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