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quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Ainda existem bons professores !
AULA PRÁTICA DE DIREITO
Uma manhã, quando o nosso novo professor de “Introdução ao Direito”
entrou na sala, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um
aluno que estava sentado na primeira fila:
- Como te chamas?
- Chamo-me João, senhor.
- Saia da minha aula e não quero que volte nunca mais ! - gritou o
desagradável professor.
João estava desconcertado. Quando recuperou, levantou-se rapidamente,
recolheu as suas coisas e saiu da sala. Estávamos assustados e
indignados, mas ninguém disse nada.
- Agora sim ! - perguntou o professor - para que servem as leis ?...
Assustados, pouco a pouco, começamos a responder à sua pergunta:
- Para que haja uma ordem na sociedade.
- Não ! - respondia o professor.
- Para cumpri-las.
- Não !
- Para que as pessoas paguem pelos seus actos.
- Não ! Será que ninguém sabe responder a esta pergunta ?
- Para que haja justiça - disse timidamente uma garota.
- Até que enfim ! É isso... para que haja justiça. E agora...
digam-me, para que serve a justiça ?
Começávamos a ficar incomodados pela atitude grosseira do professor,
mas lá íamos respondendo:
- Para salvaguardar os direitos humanos...
- Bem, que mais? - perguntava o professor.
- Para diferenciar o certo do errado... Para premiar quem faz o bem...
- Ok, não está mal, porém... mas, respondam a esta pergunta: agi
correctamente ao expulsar o João da sala de aula? ...
Ficámos todos calados.
- Quero uma resposta decidida e unânime !
- Não ! - respondemos todos a uma só voz.
- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça ?
- Siiiim !
- E por que é que ninguém fez nada a respeito disso? Para que queremos
leis, e regras, se não dispomos da vontade necessária para as
praticar? Todos e cada um de vós tem a obrigação de reclamar quando
presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca
mais !
- Vá chamar o João - disse, olhando-me fixamente.
Naquele dia recebi a lição mais prática no meu curso de Direito.
Quando não defendemos os nossos direitos, perdemos a dignidade.
E A DIGNIDADE NÃO SE NEGOCEIA.
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