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domingo, 24 de abril de 2011

Contos tradicionais

 A velhinha da cabaça
Era uma vez uma velhinha que vivia só, na sua casinha da aldeia.
Certo dia, recebeu uma carta da sua neta, que vivia numa terra distante. A carta trazia-lhe uma grande alegria – a neta ia casar-se e convidava a avozinha para assistir ao seu casamento.
Tão contente ficou que imediatamente se pôs a caminho para não chegar atrasada.
Depois de ter andado alguns quilómetros, surgiu à sua frente um grande lobo que lhe disse numa voz rouca:
Ai, velhinha, que eu como-te!
Ai, não me comas, que eu estou muito magrinha. Vou ao casamento da minha neta e, quando de lá voltar, já venho mais gordinha!
Está bem na volta cá te espero! – respondeu o lobo e deixou-a seguir caminho.
Lá mais adiante, surgiu-lhe na frente um urso, que, pousando-lhe as patas nos ombros, lhe disse ao ouvido:
Ai, velhinha, que eu como-te!
Ai, não me comas, que eu estou muito magrinha. Vou ao casamento da minha neta e, quando de lá voltar, já venho mais gordinha!
Tal como o lobo, o urso achou que a velhinha tinha razão e deixou-a seguir viagem, dizendo:
Está bem na volta cá te espero!
Já quase no fim da viagem, uma terceira fera apareceu à velhinha – era um leão.
Ai, velhinha, que eu como-te!
Ai, não me comas, que eu estou muito magrinha. Vou ao casamento da minha neta e, quando de lá voltar, já venho mais gordinha!
O leão também acho que era melhor esperar que ela voltasse mais gordinha. Então disse-lhe:
Está bem na volta cá te espero!
Muito assustada a velhinha continuou o seu caminho até que chegou, por fim a casa da neta. Contou tudo o que lhe acontecera e a neta aclamou-a dizendo que não haveria problema nenhum.
O casamento foi muito bonito e a velhinha estava muito feliz.
Mas, quando se decidiu a voltar para a sua casa, começou a ficar com muito medo. A neta correu ao quintal, cortou a cabacinha maior e mais redondinha que lá tinha abriu-lhe uma pequena porta e a velhinha entrou nela. A neta voltou a fechar a cabacinha.
Então a viagem começou quando a cabacinha e a velhinha rebolavam estrada fora .
A certa altura passaram ao pé do leão, que perguntou:
- Oh cabacinha não viste para aí uma velhinha?
A velhinha de dentro da cabacinha respondeu:
Não vi velhinha, nem velhão
Corre corre cabacinha
Corre corre cabação!!!
O leão fez cara de admirado!
A cabacinha continuou rebolando pela estrada for a.
Um pouco mais à frente estava o urso, esperando. Este resolveu perguntar:
Oh cabacinha não viste para aí uma velhinha?
De dentro da cabacinha, a mesma voz respondeu:
Não vi velhinha, nem velhão
Corre corre cabacinha
Corre corre cabação!!!
A cabacinha continuou rebolando, rebolando, sempre a toda a pressa.
O urso não percebeu nada do que via e ouvia…
Mais perto de casa estava o lobo esfomeado. Ao ver a cabacinha perguntou-lhe:
Oh cabacinha não viste para aí uma velhinha?
De dentro da cabacinha a voz da velhinha fez-se ouvir:
Não vi velhinha, nem velhão
Corre corre cabacinha
Corre corre cabação!!!
O lobo pulou de raiva.
Finalmente a nossa velhinha chegou a casa. Não havia mais perigos.
Pela estrada for a tinham ficado, enganados, os seus três inimigos.
A cabacinha salvara-lhe a vida.

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