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sábado, 28 de dezembro de 2019
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
Hoje foi a um simpósio sobre
História e cultura cigana que decorreu na Figueira da Foz, no Auditório do
Museu Municipal Santos Rocha, sob a orientação do formador Francisco Manuel
Azul que afirma ser cigano e não
teme as palavras. Referiu com toda a simplicidade que cresceu num bairro social.
Desafia a cultura, quando luta pelo seu objectivo: estudar. Disse que escolheu ser
diferente, mas especial.
Este simpósio teve por
objectivo sensibilizar os profissionais que trabalham em matéria de crianças e
jovens, com vista à obtenção de respostas adequadas que facilitem a inclusão de
crianças e jovens, bem como das suas famílias em áreas como a educação e o emprego.
Os conteúdos abordados
passaram pelo enquadramento das políticas públicas na temática da integração
das comunidades ciganas; Conhecimento da cultura cigana; Reflexão sobre algumas
representações acerca da cultura cigana, terminando na Partilha prática e
pistas de intervenção com vista a uma maior equidade e coesão social.
No final foi emitido um
certificado de formação a todos os que estiveram presentes, em 95% da carga
horária total da ação de formação.
Este explicou o que era o PAAC e, para quem não
sabe o que é, passo a explicar:
- Trata-se
de um Programa de Apoio ao Associativismo Cigano e que deverá contribuir de
forma direta para a concretização das metas definidas nas prioridades
estabelecidas pela Estratégia Nacional pela Integração das Comunidades Ciganas.
O povo de etnia cigana tem a
sua origem na Índia e foram obrigados a emigrar para a Europa e África do Norte.
Inicialmente gerou-se a crença errónea de
que este povo seria proveniente do Egipto.
Os
primeiros movimentos migratórios, datam do séc. X e infelizmente já se perdeu
muita informação deste povo.
O ACM (Alto Comissariado para as Migrações ) criou os PLICC
( Planos Locais para a Integração das
Comunidades Ciganas ) com o objetivo de
dar voz às pessoas ciganas.
O termo “cigano” é uma expressão criada na Europa do Século
XV para designar os povos nómadas. O desconhecimento que as pessoas têm dos
ciganos faz com que sejam vistos de um modo estereotipado. Assim, o termo “cigano” é considerado pejorativo na
sociedade.
Fiquei também a saber que durante o Holocausto entre 1939 e
1945 houve uma mortandade, conhecida como um Genocídio – o Porrajmos, palavra,
que significa literalmente “devorar”, usada para mencionar o genocídio
dos ciganos à mão do regime de Hitler. Morreram 500 000 ciganos.
Atualmente, na Europa e nos Estados Unidos, a expressão
"cigano" é evitada pelos não-ciganos, os quais preferem a expressão
geral adotada pelos movimentos de afirmação dessa etnia, adotando a expressão ROMA.
Distinguem-se então, três grupos:
- Os ROM, ou Roma,
que falam a língua romani;
- Os SINTI, que falam a língua sintó e são mais
encontrados na Alemanha, Itália e França, onde também são chamados Manouch;
- Os CALON ou KALÉ, que falam a língua caló, tido
como "ciganos ibéricos", que vivem principalmente em Portugal e na
Espanha, onde são mais conhecidos como Gitanos, mas que no decorrer dos tempos
se espalharam também por outros países da Europa e foram deportados ou migraram
inclusive para a América do Sul.
Foi referido que os ciganos que habitam no Alentejo, vivem do
gado, das feiras e dos automóveis. Os ciganos Galegos, têm como atividades o
gado, a leitura da sina, cestaria e feiras. Temos ainda os ciganos “Chabotos”,
estes são de facto os mais pobres, vivem da agricultura, trabalham o vime e
vendem balões nas feiras.
Foi ainda mencionado que o 16 de Maio é o Dia da Resistência Cigana e em 1971 foi criada
uma bandeira. A língua cigana é a Romani, a qual já não se fala. Quanto
ao Luto, este é uma tradição ibérica adotada pelo povo cigano e a sua
religião é a Muçulmana.
Na sua composição podem ser observadas duas faixas; uma superior de cor azul e uma
inferior de cor verde. No centro se localiza uma roda de carroça estilizada de
cor vermelha que significam:
Faixa Azul –
Representa o céu, os valores espirituais, o desenvolvimento, a ligação do
consciente com o inconsciente;
Faixa Verde –
Representa a natureza e tudo que ela nos oferece, a energia que alimenta a
vida;
Roda Vermelha – A roda localizada no centro da
bandeira simboliza a vida, as estradas percorridas em cima das carroças, a
transformação e o movimento. Parece também que a disposição em 16
aros representa os 16 principais clãs ciganos ou ainda, a Sansara ou
Roda Indiana (está ligado ao ciclo de existências que antecedem a libertação da
alma).
Hino cigano
Em
Romaní (idioma dos ciganos)
Djelém, Djelém (OPRÉ ROMÁ)
Djelém djelém lungóne droméntsa,
Maladilém baxtalé Rroméntsa.
Ah, Rromalé, katár tumén avén,
E tsahréntsa, baxtalé droméntsa.
Ah, Rromalé,
Ah, Chavalé.
Vi man sasí ekh barí famílija,
Mudardá la e Kalí Legíja;
Avén mántsa sa e lumnjátse Rromá
Kaj phutajlé e rromané droméntsa.
Áke vrjáma, ushtí Rromá akaná,
Amén xudása mishtó kaj kerása.
Ah, Rromalé,
Tradução
para o Português
Andei, Andei (LEVANTEM-SE ROM)
Andei, andei por longas estradas,
E encontrei os de sorte.
Ai ciganos, de onde vocês vem
Com suas tendas e crianças famintas?
Oh, velhos ciganos,
Oh, jovens ciganos.
Eu também tive uma grande família,
Mas a Legião Negra a exterminou;
Homens e mulheres foram mortos
E também crianças pequenas
Ai velhos ciganos, ai jovens ciganos
Abra Senhor, as portas escuras
para que eu possa ver onde está minha gente
Voltarei a percorrer os caminhos e
Andarei com os ciganos de sorte
Ai velhos ciganos, ai jovens ciganos
É hora, levantemo-nos,
É chegado o momento de agir.
Venham comigo ciganos do mundo
Ai velhos ciganos, ai jovens ciganos.
“O Dantas é um cigano! O Dantas é meio
cigano! O Dantas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá
fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que
ele faz!”
Almada Negreiros
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